Releitura: Archdaily Brasil
A Casa Redux, projetada pelo Studio MK27 de Marcio Kogan, representa um estudo de caso exemplar em integração paisagística, materialidade e funcionalidade. Localizada em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, esta residência de 679 m² construídos em um terreno de 6633 m² é uma releitura contemporânea do conceito de casa-pavilhão, que tanto influenciou a arquitetura moderna.

Reprodução / Fernando Guerra | FG+SG / MK27 Studio
A ideia da casa-pavilhão, como a Farnsworth House de Mies Van der Rohe, evoca habitações térreas que parecem flutuar sobre o terreno, emolduradas por elementos arquitetônicos singulares e cercadas por jardins. O Studio MK27 abraça essa premissa na Casa Redux, utilizando lajes planas e uma composição formal de cheios e vazios para criar uma estrutura que dialoga intensamente com seu entorno natural [1].
A implantação da casa é estratégica: posicionada na cota mais alta do terreno em declive, ela maximiza a vista para o poente e para a exuberante mata nativa, minimizando o impacto da construção na paisagem. Essa escolha não apenas privilegia a contemplação da natureza, mas também demonstra uma sensibilidade ímpar em relação ao sítio [2].

Reprodução / Fernando Guerra | FG+SG / Archdaily
A estrutura da Casa Redux é definida por uma engenhosa articulação de elementos horizontais e verticais. Duas lajes de concreto aparente marcam a fachada e a espacialidade da casa:
- A laje de piso, elevada 50 cm do solo e apoiada em vigas recuadas, confere à casa uma sensação de leveza, como se flutuasse sobre o terreno. Essa elevação cria um “tablado” para as atividades domésticas, uma analogia poética à casa como palco da vida cotidiana [1, 2].
- A laje de cobertura, com 37 cm de espessura, estende-se para além dos limites da construção, proporcionando generosas áreas de sombra e proteção solar. Com o mesmo tamanho da laje de piso, ela unifica visualmente o conjunto [1, 2].

Reprodução / Fernando Guerra | FG+SG / Archdaily
Entre essas duas fitas horizontais, um jogo de caixas de vidro e madeira se projeta ou recua, criando uma dinâmica de volumes e vazios. O programa da casa é dividido em quatro blocos programáticos distintos, que abrigam:
- 1. Quatro dormitórios e sauna.
- 2. A suíte principal.
- 3. A área de serviço (cozinha, lavanderia, sala, banheiro e quartos de empregados).
- 4. A garagem e a área técnica.
A distribuição desses blocos na laje de piso gera espaços intersticiais que se transformam em áreas de circulação, varandas e da sala de estar. Este último, envolvido por uma pele de vidro com folhas de correr, estabelece um diálogo contínuo e fluido entre o interior e o exterior, permitindo que a paisagem se torne parte integrante do ambiente construído [2].

Reprodução / Fernando Guerra | FG+SG / Archdaily
Um dos elementos mais marcantes é o volume de concreto que se projeta externamente à laje do piso, abrigando a piscina e o deck. Este conjunto avança sobre o declive do terreno, culminando em um balanço que desafia a gravidade e reforça a leveza da estrutura [2].
A escolha dos materiais na Casa Redux é fundamental para a sua identidade e para a forma como se relaciona com o ambiente. O concreto aparente domina as lajes e o volume da piscina, conferindo solidez, durabilidade e uma estética brutalista refinada. Sua presença estrutural é também um elemento estético que celebra a honestidade do material [2].

Reprodução / Fernando Guerra | FG+SG / MK27 Studio
O vidro é empregado extensivamente nas caixas que compõem os espaços habitáveis e, de forma proeminente, na sala de estar. Sua transparência garante farta iluminação natural e uma conexão visual ininterrupta com a paisagem circundante, diluindo os limites entre o construído e o natural [1, 2].
A madeira, por sua vez, introduz calor e textura. Os volumes dos dormitórios são revestidos por painéis ripados verticais de madeira que podem ser abertos quase que totalmente. Durante o dia, esses painéis atuam como brises, filtrando a luz solar e criando um jogo de luz e sombra no interior. À noite, quando iluminados de dentro, transformam as caixas em grandes lanternas, adicionando um elemento lúdico e dinâmico à fachada [2].
Galeria do Projeto
👉 Gostou do conteúdo? Compartilhe e conte nos comentários qual sua opinião sobre a Casa Redux.
Referências:
[1] Studio MK27. REDUX. Disponível em: https://mk27.com/pb/redux/. Acesso em: 14 out. 2025.
[2] ArchDaily Brasil. Casa Redux / studio mk27. Publicado em 06 nov. 2014. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/756836/casa-redux-studiomk27. Acesso em: 14 out. 2025.




